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terça-feira, 6 de julho de 2010

António de Sousa: Crédito fácil e barato “vai desaparecer”

05/07/10, 01:02
OJE

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) alertou as empresas para que se preparem para tempos com crédito mais difícil e mais demorado, dizendo também que a baixa rentabilidade dos bancos portugueses os tornam presas das instituições estrangeiras.

"O que as empresas vão ter de se habituar é a que (...) acabou o crédito fácil e barato. Não fazem sentido aqueles ‘spreads' de 0,25 ou 0,35%. Só são possíveis porque o mercado está distorcido", avisou António de Sousa, em entrevista à agência Lusa.

"Portanto essa situação de crédito fácil e barato vai desaparecer", frisou o responsável, prevendo que "as empresas vão ter de voltar àquilo que sempre existiu", quando o mercado era "normal" e antes de se ter tornado "irracional".

O presidente da APB defendeu assim a necessidade de as empresas portuguesas reforçarem capitais próprios, uma vez que têm, disse, "os níveis de capitalização mais baixos em todo o panorama europeu". Justificou ainda as dificuldades dos bancos transferirem financiamento à economia real com o aumento do custo do dinheiro para as instituições financeiras, aliado às baixas taxas de juro, bem como ao aumento do crédito mal parado.

Ainda assim, o líder dos banqueiros desvalorizou o facto dos bancos portugueses serem dos que mais aproveitam o financiamento do Banco Central Europeu (BCE) para compensar a dificuldade em encontrar financiamento no mercado, afirmando que "era uma situação inevitável e que toda a gente conhecia".

"O montante que Portugal está a ir buscar ao BCE, em percentagem do PIB, é inferior aos de vários outros países. É uma situação que não é desejável, mas não é muito extraordinária", afirmou.

António de Sousa garantiu que a banca portuguesa está "de boa saúde", e que o problema de liquidez não é específico da banca, mas sim da falta de confiança em Portugal dos investidores internacionais.

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