Desde o início do ano, cinco bancos subiram os ‘spreads’. BBVA e Barclays já fizeram dois aumentos em 2011.
A escalada dos ‘spreads' não tem fim à vista. Desde o início do ano, cinco bancos fizeram ajustes neste indicador. Foi o caso do Santander Totta, BES, CGD, Barclays e BBVA. Sendo que estas duas últimas instituições financeiras já aumentaram por duas vezes este ano os ‘spreads' praticados no crédito à habitação.
Contas feitas, a média dos ‘spreads' mínimos - aplicados aos melhores clientes - em Portugal situa-se nos 1,24%. Já a média dos ‘spreads' praticados para os clientes de maior risco situa-se nos 3,92%. Mas, na realidade, são muitas as instituições que estão a aplicar ‘spreads' máximos acima desta fasquia. Analisando os preçários é possível ver que sete instituições cobram já ‘spreads' acima dos 4%. É o caso da CGD, BES, BCP, BPI, Barclays, Banif e Banco Popular.
O economista e professor universitário, João Cantiga Esteves, acredita que esta tendência vai continuar nos próximos meses e não descarta a hipótese dos ‘spreads' máximos poderem vir a atingir a barreira dos 6%. "Enquanto as condições de acesso ao financiamento por parte dos bancos não melhorarem - e neste momento o mercado interbancário está longe de estar normalizado -, as instituições financeiras vão continuar a subir os ‘spreads', principalmente, para os clientes de maior risco. Por isso é possível que venhamos a ter ‘spreads' máximos na ordem dos 6%".
As últimas actualizações de preçários permitem verificar ainda uma mudança de tendência no sector financeiro. Até agora eram os bancos estrangeiros que ofereciam os ‘spreads' mais baixos do mercado. Mas esta realidade está mudar. As últimas grandes subidas de 2011 pertencem a bancos estrangeiros - BBVA e Barclays. Ou seja, as diferenças de ‘spreads' entre os bancos estrangeiros e bancos nacionais estão a esbater-se. Cantiga Esteves avança com uma explicação para este facto. "Trata-se, provavelmente, de uma questão de alinhamento com o resto do mercado. Os bancos estrangeiros tinham ‘spreads' mais baixos numa tentativa de recuperar alguma quota do mercado de crédito à habitação. Mas não é fácil fazê-lo nesta altura. Por isso é natural que estejam a alinhar os seus ‘spreads' com a concorrência".
A verdade é que a tendência de subida deste indicador já dura há vários anos. No início de 2009, os cinco maiores bancos portugueses aplicavam em média um ‘spread' mínimo de 0,67%. Hoje, as mesmas instituições têm um ‘spread' mínimo de 1,51%. Ou seja, no espaço de dois anos, este indicador mais do que duplicou.
Estas mudanças causam um impacto significativo nas carteiras das famílias. A diferença entre ter um ‘spread' mínimo mais baixo do mercado (0,45% no Deutsche Bank), ou ter um ‘spread' mínimo no Banif (que cobra 2%) pode custar alguns euros. Por exemplo, uma família que queira fazer um crédito à habitação no valor de 100 mil euros, a pagar em 20 anos, indexado à Euribor a seis meses pagaria uma prestação de 492 euros se conseguisse obter um ‘spread' mínimo de 0,45%. Já se a mesma família obtivesse o ‘spread' mínimo de 2%, isso resultaria numa prestação mensal de 567 euros. Ou seja, mais 74 euros por mês. Contas feitas, significaria que esta família pagaria no final do empréstimo mais 18.000 euros, pelo facto de ter um ‘spread' mais alto.
In Económico On line
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