Novas regras dos depósitos entram hoje em vigor.
A partir de hoje os bancos com 'superdepósitos', que superem em 300
pontos base os juros do mercado, vão ser penalizados nos rácios de
capital, de acordo com uma decisão do Banco de Portugal que entrou hoje
em vigor.
Com a instrução publicada na semana passada, para entrar hoje em
vigor, o Banco de Portugal pretende conter a corrida às taxas de juro
dos depósitos a prazo, penalizando uma parte dos depósitos que excedam a
taxa Euribor e um 'spread' de 300 pontos base que deixam de poder ser
contabilizados na rubrica fundos próprios.
Esta nova limitação tem implicação no cumprimento do acordo da
'troika", que obriga os oito maiores bancos a "reduzir gradualmente os
rácios de transformação de depósitos em créditos para um nível de 120
por cento até 2014".
Os fundos próprios contam para este rácio de transformação. Se os
bancos praticarem juros muito altos nos depósitos a prazo e
ultrapassarem a taxa de referência, o remanescente é descontado dos
fundos próprios.
A associação dos consumidores financeiros congratulou-se com a
decisão do Banco de Portugal de penalizar os 'superdepósitos', mas
ressalvou que a medida tem efeitos negativos para os aforradores que têm
beneficiado de elevadas taxas de juro nos depósitos a prazo e vêem
agora esse benefício limitado.
O presidente da SEFIN - Associação Portuguesa dos Utilizadores e
Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros, António Júlio de
Almeida, defendeu que a penalização dos depósitos a prazo com taxas
muito altas vai permitir ao Estado "concorrer em melhores condições" com
a banca na captação de poupança, através da colocação de dívida
pública.
O Banco de Portugal publicou na semana passada uma instrução na qual
determina que, a partir de 1 de Novembro, os bancos portugueses não
podem classificar como fundos próprios parte dos depósitos a prazo com
"taxas altas", ou seja que excedam a taxa Euribor de referência e o
'spread' de 300 pontos base.
O supervisor financeiro seguiu o exemplo de Espanha na penalização
dos depósitos com elevadas rentabilidades, que em Julho criou nova lei
que obriga as entidades que apliquem juros muito altos nos seus
depósitos a realizar contribuições adicionais para os fundos de
garantias de depósitos - os três fundos existentes em Espanha foram fundidos este mês num único.
01/11/11 07:14
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