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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (FRAGMENTO) de Mário Cesariny de Vasconcelos

Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos

(FRAGMENTO)
de Mário Cesariny de Vasconcelos
«Coitado do Álvaro de Campos!» «Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!»
«Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!»
«Coitado dele, que com lágrimas (autênticas) nos olhos,»
«Deu hoje, num gesto largo, liberal e moscovita
«Tudo quanto tinha, na algibeira em que tinha pouco, àquele
«Pobre que não era pobre, que tinha olhos tristes profissão.»
«Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém se importa!»
«Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!»
«E, sim, coitado dele!»
«Mais coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam.»
«Que são pedintes e pedem,»
«Porque a alma humana é um abismo.»
«Eu é que sei. Coitado dele!»
*
«Primeiro o navio a meio do rio, destacado e nítido,»
«Depois o navio a caminho da barra, pequeno e preto)»
«Depois, ponto vago no horizonte (ó minha angústia!»
«Ponto cada vez mais vago no horizonte.»

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