Amigo meu enviou-me:
"Há 30 anos, neste dia, e por esta hora, era pai, e era o homem mais feliz do mundo. Queria partilha convosco este momento."
R ou o poema possível
Olho o deslumbramento e comovo-me
sem temor e sem alvoroço.
Detenho-me na precisão anárquica do que me rodeia
sem que nada de grandioso ou novo aconteça
a não ser a tua evidencia de círio aceso no escuro de mim
a ferir-me com o espanto de uma dor luminescente
aguda, preciosa, certeira, que me acorda para
a singularidade do instante em que o olhar se perde em ti.
O teu retrato, meu filho, o teu retrato é imenso,
ali no sossego de um canto, teu sacrário de silencio
a ocupar o meu mundo com a soberana razão da poesia,
tua quietude a zelar pela minha solidão desamparada,
essa fidelidade guerreira em altivo repouso de braços,
teu sorriso raro que é canto e lavra onde me demoro,
e no teu rosto um olhar cuja beleza permanece sem nome.
Que tudo isto seja apenas sobressalto de luz cintilante
nos meus olhos, ou o poema possível do poema maior
que ainda não te sei escrever, pouco importa.
A mim, basta-me que seja esta coisa sem importância,
este pecado sem culpa, que é ser pai, e ser feliz por isso.
Alex
"Há 30 anos, neste dia, e por esta hora, era pai, e era o homem mais feliz do mundo. Queria partilha convosco este momento."
R ou o poema possível
Olho o deslumbramento e comovo-me
sem temor e sem alvoroço.
Detenho-me na precisão anárquica do que me rodeia
sem que nada de grandioso ou novo aconteça
a não ser a tua evidencia de círio aceso no escuro de mim
a ferir-me com o espanto de uma dor luminescente
aguda, preciosa, certeira, que me acorda para
a singularidade do instante em que o olhar se perde em ti.
O teu retrato, meu filho, o teu retrato é imenso,
ali no sossego de um canto, teu sacrário de silencio
a ocupar o meu mundo com a soberana razão da poesia,
tua quietude a zelar pela minha solidão desamparada,
essa fidelidade guerreira em altivo repouso de braços,
teu sorriso raro que é canto e lavra onde me demoro,
e no teu rosto um olhar cuja beleza permanece sem nome.
Que tudo isto seja apenas sobressalto de luz cintilante
nos meus olhos, ou o poema possível do poema maior
que ainda não te sei escrever, pouco importa.
A mim, basta-me que seja esta coisa sem importância,
este pecado sem culpa, que é ser pai, e ser feliz por isso.
Alex
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