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quinta-feira, 18 de março de 2010

Yanukovych e o futuro da Ucrânia - Opinião de Vasco Martins

O vencedor das últimas eleições na Ucrânia, nomeado Presidente no passado dia 25 de Fevereiro, de imediato deu sinais de verdadeiro empenho na maturação da prática democrática ao convidar Sergei Tigipko para vice- -primeiro-ministro e responsável pela "nova economia" do país.

Contando com uma maioria parlamentar na câmara legislativa da Ucrânia, o recém-eleito Presidente ucraniano possui uma oportunidade política única que poderá manifestar-se positivamente dependendo da vontade e honestidade da sua legislatura. Ao convidar o ex-ministro da Economia Sergei Tigipko e ao nomear o já conhecido Mykola Azarova, seu aliado político e ex-ministro das Finanças, para o cargo de primeiro-ministro, Viktor Yanukovych sublinha como prioridade a restauração do desempenho positivo da economia, anunciando paralelamente o aspecto modernizador e de forte carácter económico personificado na figura de Tigipko.
Contrariando várias correntes que frisam a falta de qualidades políticas do novo Presidente, embora com argumentos válidos, Yanukovych poderá vir a ser aquilo que a Ucrânia mais necessita neste momento. A sua inclinação pró-russa poderá anunciar apenas um entendimento realista da geopolítica da região e o seguimento de uma doutrina de aproximação, mas não de hostilização, surgindo como a ruptura necessária com as práticas do ex-presidente Viktor Yushchenko. Na realidade, a Rússia é o país mais próximo e aquele que mais poderá ajudar a Ucrânia no futuro próximo. Assim, não será uma surpresa se a retórica política para com a Rússia seja amigável e de grande cooperação, em paralelo à latente e contínua vontade ucraniana de se integrar nas diversas instituições ocidentais.
As últimas eleições na Ucrânia provaram algo extremamente importante para qualquer democracia em florescimento: a população reconhece a componente ideológica da prática democrática, apostando nela como salvação quase divina para um país mergulhado num estrangulamento político e económico. Mais do que isso, a democracia ucraniana do pós-Revolução Laranja entrou numa fase de consolidação que nos remete para as memórias da Polónia em 1997. Na possível concretização do plano de recuperação económica e de criação de condições de governabilidade, no qual se inclui também a participação da oposição, Yanukovych poderá deixar a sua maior herança política, equilibrar o delicado xadrez geopolítico da região e catapultar o país para as plataformas de desenvolvimento económico e social tão características do continente europeu.

In http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1521633&seccao=convidados

1 comentário:

maria eduarda disse...

Ao meu filho, teu sobrinho, e aos teus filhos, meus sobrinhos, o desejo de muitas felicidades e gosto pela vida!