A Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia e de um Novo Hospital Pediátrico para Lisboa, após 2 anos de insistentes pedidos, vai ser recebida no Ministério da Saúde pela DrªAna Jorge, hoje dia 9 de Setembro às 15.30 h.
Esta reunião, vem na sequência de cerca de 2 anos de acções de sensibilização da Plataforma Cívica que tem como um dos mentores o Professor António Gentil Martins e é constituída por médicos pediatras e de outras especialidades ligadas à criança, técnicos de saúde, pais e cidadãos preocupados com o futuro dos cuidados de saúde prestados às crianças da Área Metropolitana de Lisboa e Sul do país, face à intenção do Governo de proceder ao encerramento do Hospital Pediátrico de Lisboa (Hospital de Dona Estefânia) e “substituí-lo” por um simples serviço de pediatria inserido num hospital de adultos a construir na zona de Chelas, num retrocesso técnico e civilizacional sem precedentes.
Esta atitude discricionária para as crianças de Lisboa, contrariando a tendência no mundo civilizado, contrasta com a politica do próprio ministério que vai inaugurar a muito breve prazo o novo Hospital Pediátrico de Coimbra e se bate vigorosamente com a autarquia do Porto para ai se poder também construir um novo hospital pediátrico, para além da já anunciada construção de um segundo hospital pediátrico no Porto em estreita relação com o Hospital de São João.
Neste período foi possível constatar muitos apoios à causa das crianças de Lisboa e do seu hospital pediátrico e contra a assistência à criança integrada num dos departamentos do hospital geral de Chelas que hipotecaria, por várias gerações, a qualidade dos cuidados prestados à maioria das crianças e adolescentes, em especial os portadores de doenças mais graves ou complexas. Entre os factos mais significativos, destacamos:
- Petição púbica ao Presidente da República com mais de 76.000 assinaturas.
- Petição pública à Assembleia da Republica com mais de 6.000 assinaturas
- Apoio expresso em Plenário da maioria dos partidos da Assembleia da República (excepto PS)
- A unanimidade da Comissão de Saúde da AR (incluindo o PS) expressa no seu relatório sobre o tema.
- Apoio expresso da maioria das forças políticas representadas na Câmara Municipal de Lisboa
- Apoio expresso de Juntas de Freguesia do Concelho de Lisboa
- Votação favorável de 96,1% dos profissionais do Hospital de Dona Estefânia num inquérito anónimo em urna efectuado por entidade independente
- Apoio de inúmeras personalidades da sociedade civil respeitadas em várias áreas da ciência e da protecção à criança
- A Assembleia Municipal de Lisboa – aprovando por unanimidade a moção favorável ao desenvolvimento de um novo Hospital Pediátrico autónomo de Lisboa
- A Secção Sul da Ordem do Médicos
A manter-se, a decisão anunciada do Ministério da Saúde terá claros prejuízos para a investigação e tratamento de doenças específicas do foro infantil, colocando ainda em risco toda a lógica de tratamento e atendimento dedicado à criança, que só um novo hospital pediátrico autónomo poderá garantir. Seria um erro que, cometido agora, perduraria por gerações e gerações de crianças.
Estamos convictos que as autoridades portuguesas sabem bem que as crianças não são adultos em miniatura, que têm necessidades próprias e direitos inalienáveis, e que, seguramente, serão sensíveis à necessidade de termos um novo Hospital para crianças, em Lisboa, autónomo, tecnologicamente evoluído, com profissionais especializados, e inteiramente dedicados ao apoio aos seus problemas globais, físicos e espirituais, preferencialmente localizado junto ao novo Hospital Geral, a construir em Marvila. A Medicina não pode limitar-se à técnica mas nela é essencial o ambiente humano e neste caso o imprescindível “ambiente pediátrico” típico dos hospitais dedicados às crianças.
Ao invés do Ministério da saúde, a Plataforma Cívica defende dois objectivos essenciais:
1 - Por um lado, reconhece a necessidade de projectar uma nova infra-estrutura para o futuro, pugnar pela criação de um novo hospital pediátrico autónomo e exclusivamente dedicado aos cuidados à criança, ainda que fisicamente perto de um grande hospital de adultos na Capital. Defende pois um novo Hospital moderno e AUTÓNOMO, tecnologicamente evoluído e com profissionais especializados, dedicados ao apoio aos problemas globais (físicos e psico-emocionais) das crianças. Esse novo hospital deveria, em homenagem à visão inovadora da Rainha D.ª Estefânia e à identificação do colectivo da população com os valores da sua cidade, continuar a chamar-se de "Hospital de Dona Estefânia".
2 - A Manutenção do espaço onde funciona o actual Hospital de Dona Estefânia, como um espaço dedicado à criança, à promoção da sua condição especial, às suas instituições de protecção e até à prestação de cuidados e tratamentos a crianças com doenças crónicos ou deficiências, mantendo-se assim os objectivos que presidiram à doação dos terrenos.