O resultado líquido do Montepio passou de um lucro de 2,1 milhões de
euros em 2012 para um prejuízo de 298,6 milhões de euros no ano passado,
segundo o relatório e contas que foi hoje divulgado na CMVM.
Isto,
depois de ter reforçado as suas provisões e imparidades "numa dimensão
muito elevada, para acomodar riscos de incumprimento e criar as reservas
necessárias caso os riscos se materializem", justificou o presidente
António Tomás Correia, na mensagem que integra o relatório e contas.
O
documento foi hoje tornado público através da Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários (CMVM), já que será discutido na assembleia geral do
Montepio, agendada para 29 de Abril.
Já no final do ano passado,
numa entrevista concedida à agência Lusa, Tomás Correia tinha revelado
que a entidade que lidera teria que assumir perdas de 250 milhões de
euros em 2013 devido a incumprimentos em créditos à habitação e
construção, pelo que apresentaria prejuízos históricos.
Esta
necessidade de reforçar significativamente as provisões e imparidades
surgiu depois das inspecções transversais levadas a cabo pelo Banco de
Portugal às provisões e imparidades das carteiras dos oito maiores
grupos bancários portugueses, entre os quais se conta a Caixa Económica
Montepio Geral (Montepio).
E teve um "impacto muito negativo nos resultados do exercício de 2013" do Montepio, sublinhou a entidade.
As
provisões e imparidades líquidas subiram 71,2% para 397,3 milhões de
euros, mais 165,2 milhões de euros do que no final de 2012.
Já a
margem financeira caiu 20% em termos homólogos, para 225,2 milhões de
euros, com o produto bancário a recuar 12,3% para 477,7 milhões de
euros.
O resultado operacional recuou 46,7% para 37,6 milhões de
euros, ao passo que os gastos operacionais baixaram 5,5% para 340,1
milhões de euros.
O crédito a clientes ascendeu a 16,3 mil milhões
de euros (uma ligeira diminuição face a 2012), enquanto os recursos de
clientes cresceram para 16,3 mil milhões de euros, dos quais, mais de 14
mil milhões de euros em depósitos.
Ao nível da alavancagem, o
rácio do crédito a clientes sobre os depósitos fixou-se nos 110,18%,
abaixo dos 120,50% do final de 2012.
Em termos de solvabilidade, o rácio fixou-se nos 13,03%, com o rácio 'core tier 1' nos 11,01%.
Ao
nível da rede de distribuição, o Montepio fechou o ano passado com
apenas menos dois balcões em Portugal do que em 2012 (num total de 456
agências), com o número de colaboradores na actividade doméstica a
reduzir-se em 44 trabalhadores para um total de 3.903 funcionários.
Em
Angola, foram abertas mais quatro agências, para um total de 13
balcões, tendo o número de escritórios de representação permanecido
estável nos seis escritórios.
Para 2014, as perspectivas da gestão
do banco no que toca a resultados são positivas, com Tomás Correia a
apontar para as previsões acerca da evolução da economia portuguesa e
para os dados de exploração referentes ao primeiro trimestre do ano, que
lhe permitem "antever uma melhoria e fundamentar a expectativa de
resultados positivos".
Lusa/SOL